segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Wrecking ball



Link da letra e da tradução de Wrecking ball - Miley Cirus
http://www.vagalume.com.br/miley-cyrus/wrecking-ball-traducao.html

Muito difícil hoje quem não tenha ouvido essa música da Miley Cirus. Difícil também quem não viu o clipe dela. Coitada, mais uma vendida ou dada aos anseios da sociedade, porque o que é oferecido no clipe é exatamente o que muitas pessoas querem ver.  Um tanto quanto indecente e sem uma censura esperada. Características muito parecidas com essa geração. Mas, não é desse mérito que quero falar nesse texto.
Lendo um pouco do que a letra diz, percebi o quanto é uma depressão cantada de alguém que criou um ídolo sentimental e se entregou pra ele. Esse ídolo, segundo ela, destruiu o coração dela e a deixou na pior. Mas, não quem destruiu quem, se foi ele que a destruiu, se ela que o destruiu ou se ela mesma se destruiu tendo o tipo de atitude e entrega que teve.
Outra coisa que ela diz é que nunca teve um amor com tanta força, daí a alusão a uma bola demolidora. Que amor é esse que vem e quer quebrar tudo? Quer destruir as paredes do outro ao ponto de deixá-lo em ruínas? Doido isso não? O amor é capaz de destruir o outro será? Algo a se pensar!
Por mais doido que pareça, há um amor mais violento e destruidor do que esse dessa depressão. Um amor que quer sim arruinar muita coisa em minha vida, mais forte do que a “Wrecking ball”. Esse amor quer destruir meu egoísmo, minhas culpas. Quer arruinar minhas dores e detonar minha independência. Quer demolir minha rejeição e minha vergonha de ser quem eu sou diante dEle.
Esse amor não só quer destruir tanta coisa em mim, mas também quer construir muitas outras que eu não dou conta sozinho. Construir valor pessoal e perdão por mim e pelo próximo. Construir misericórdia e atitudes que não a invalidam. Construir além de discursos. Construir um olhar pra vida que não é pautado na vaidade e no consumismo que o capitalismo obrigam as pessoas a terem. Construir um coração grato pelo simples e narinas que conseguem sentir os bons aromas que a vida traz com seus dias que podem não estar tão legais assim.
O interessante de uma demolição, é que muita coisa não serve mais pra nada e precisa ser jogado fora. Assim também esse amor violento quer fazer isso. Pra que carregar os entulhos da ruína se eles já não contribuem com nada? Eles podem ser lembrados, mas não precisam ter o peso morto desnecessário que não gera saúde.
Esse amor realmente teve tanta força que foi capaz de ficar cravado em uma cruz pra que essa demolição e reconstrução fossem possíveis. Hoje, cabe a mim e a você leitor se deixar ser impactado por esse amor pra que tudo aquilo que é abalável vá pro chão e seja varrido pelo vento suave que Ele traz, e assim permaneça só aquilo que é inabalável (Hb 12:26-28). Amor que destrói? Sim. Mas é uma destruição saudável que gera morte pro que precisa morrer e traz vida pra aquilo que precisa viver!
Que Seu amor venha sobre nós, ó amor em pessoa, pra que sejamos demolidos e nos tornemos pessoas melhores pra Ti, pra nós e pro próximo.
Toma o lugar que é só Teu e de mais ninguém, porque quando colocamos algo ou alguém no Teu lugar podemos terminar em ruínas. By Ciro!
Nos ajuda a viver isso de uma forma massa!


Que assim seja!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Pão Caseiro

Dormindo bem ou não, começo meu dia comendo um pãozinho no café da manha. Fresco ou não, algo precisa preencher meu estomago que já passou seis, oito, dez horas de vazio e de suposto repouso. E aí após comer, automaticamente me sinto saciada e nem me lembro daquilo que antes significava uma necessidade clara e urgente. Mas, assim que preencho uma necessidade me lembro que tenho outras, e outras e outras e esse ciclo nunca se acaba. Me consolo por saber que estas faltas serão assim sempre, até que eu mesma não tenha mais vida. Há necessidade de alimento me parece urgente, no momento que ela aparece, e assim meu preenchimento aparece rápido, porém momentâneo.  E para momentos em que a fome desaparece ou simplesmente comemos descontroladamente por sentir em nosso íntimo que não é bem disso que estamos falando, mas de coisas bem mais profundas. Ansiedades e desarranjos no coração que nos fazem a aumentar ou diminuir nossas necessidades, que de básicas, viraram secundárias.

E em meio a sortes e infortúnios deste ciclo humano, porem angustiante, refletimos sobre nossa fome eterna. Fome de ser, e posteriormente de estar. A fome de fazer irá aparecer, mas ela de nada servirá se ela não souber porque veio. Havia um homem, que muitos desclassificam devido a carga histórica e moral colocada sobre ele,(o que muitas vezes foram criadas por homens e seus espelhos), que um dia expos uma questão muito mais existencial e simples do que parece. Questionado por um povo faminto de si mesmo e de um salvador, não diferente de hoje, insatisfeitos com um ciclo de necessidades e paliativos materiais, ele propôs um alimento, um pão, uma comida que não se estraga e que mata fomes antigas e necessárias a cada um de nós. Enquanto o perguntaram o que fazer para receber este pão, ele troca o verbo e oferece no que crer. Até porque, fazer sem crer de nada adianta, é como qualquer formigueiro que ali está por simples condicionamento da espécie.

Mas crer é muito mais difícil que fazer, é mais desafiador, é mais transcendental. Fazer é mais prático, mais material, mais confiável. E o povo pede: qual atitude você vai fazer para gente ver e crer no que falas? Queremos ver, gostamos de visualizar. Repetimos e repetimos a vista para ver se assim acreditamos, expomos a rigorosos  testes mentais da nossa própria vontade de ver as coisas.  Queremos muito um pão, um alimento que quando consumido saciará todas as nossas dores, fomes, angustias e saciações, mas precisamos ver e analisar, antes de comer qualquer coisa. Este homem respondeu: “EU SOU o pão da vida. Quem VEM a mim nunca mais terá fome, e quem CRÊ em mim nunca mais terá sede”.
Chocados com a declaração, o povo usou basicamente nossa primeira arma contra o estranhamento das coisas que não se medem, não se classificam, não se veem: a crítica. E usaram o fazer e o ter como ponto de partida para devolver ao homem, aos olhos da sociedade, o insignificante valor de sua identidade social: “você é filho de quem mesmo? José,João,Raimundo? Quem é você para nos falar de fé, sobre preencher nossas essências? Quais conhecimentos você possui, e que teorias você se baseia para falar sobre algo que nós não entendemos? E o homem fala mais uma vez, e com muita propriedade, da necessidade que está por tras de todas as outras. 

A necessidade de pertencer, e ser amparado, de ser salvo, de ser incluído por algo maior, algo que não seja palavras humanas à “homens humanos”. E que como num ato de infindável fé, e que aparece o tempo todo em nossas vidas, e não somete em datas comemorativas, o comer o pão e o beber o vinho vai mais do que ritualizar, ou participar, ou sacrificar-ser, vai além da nossa própria compreensão, mas que parte de pessoas que lidam com suas dificuldades de crer, crendo. Exercitando que quem come terá vida. Assim como na vida cotidiana material, há coisas que se não alimentadas geram morte. Há coisas que não passam pelo estomago que causam muito mal se ingeridas demais ou de menos. Há uma vida que somente aparece quando cremos, há um consolo que brota quando acreditamos em frente ao inacreditável.  E a necessidade de ser salvo dá lugar ao incrível acolhimento necessário a todos nós, algo que podemos até tentar, mas vai além de explicações, e nisso você é livre para crer ou não.

Sei que parecem palavras contraditórias, mas o raciocínio é transparente. E digno de questionamentos, porem para quem crê os ensinamentos valem mais a pena do que andar sem rumo, perdidos em fomes que não passam,geram tristezas e até perda da vontade de ver a vida como construção. Assim, não quero mais construir, porque se tudo se limita a verdades cruas e nuas, e intenções embasadas, e gritos que ninguém pode conter, melhor é ir, do que permanecer. O que me parece uma interrupção injusta, um caminho fragmentado de coisas, que podem e sempre poderão ter uma segunda chance. E ainda há alguns que crem que há um pão vivo, que é uma pessoa e uma personalidade real e fluida, e não um amontoado de regras e manipulações humanas. Crer é um discurso difícil para quem se acostumou a tirar conclusões, para quem prefere a facilidade da religião, dizendo o que fazer, aonde estar e o que ser. Discurso duro demais para quem quer ditar as regras, e para quem ache tolice da antiguidade crer em remissão e divindade. Crer é fala muito patética para quem domina conhecimento e estudos que não provam existência da necessidade de transcender, teorias que preferem olhar o aqui e agora.

Alguns foram embora, abandonaram o diálogo. Eram coisas muito difíceis de aceitar. Talvez mais alguns abandonem agora, quando eu disser quem propôs tais ideias. Talvez achem que não podemos misturar conhecimento com fé, ou vida real com eterna, ou crença com forma de ver o mundo. Jesus, que disse, e usou esta metáfora excelente do pão que mata a fome da alma e do espirito, foi rejeitado e não agradou muitas plateias. Mas manteve o que ele mesmo acreditava para ele, e depois para os outros. Ele entendia quem não gostava desse discurso e preferia ir embora, e ainda advertiu aos mais chegados, se também quiserem ir, podem ir, eu sei quem são os meus de verdade. E um amigo, de fala forte perguntou: “Quem é que vamos seguir? O senhor tem as palavras que dão VIDA eterna”.


E hoje, eu mesma me pergunto: quem é que vou seguir e crer, se não for aquele que apascenta meus medos e me salva de mim mesma e do mundo muitas vezes hostil que se apresenta? Vou crer e seguir e comer o pão caseiro, feito especialmente na casa do Pai, que sacia minha fome mais profunda, assim como a mais externa. E crer nele, é meu direito, meu prazer, minha escolha, minha angustia, meu consolo. Direito seu é pensar diferente, e matar sua fome de várias outras formas, não te recrimino por isso, simplesmente gostaria muito que pudesse experimentar esse encaixe que nunca consegui encontrar em outra coisa. Mas esta é minha experiência, tenha a sua e me conte sobre sua própria fome e como ela te consome e te se rebate dentro do peito. E assim exploraremos nossas faltas e acharemos descanso por saber que para todas a uma resposta, a chama do crer.                                                                                                     Priscila Souza 16/09/2013

terça-feira, 11 de junho de 2013

Multiplicando pão e peixe novamente!

E ae pessoal, tranquilo?
Esse texto abaixo é parte de um trabalho meu de faculdade. Gostei muito dele e achei legal compartilhar. Ele se refere à passagem escrita em Marcos 8:1-9, que é a segunda multiplicação de pães e peixes que Jesus fez.
Há dois anos atrás postei aqui no blog algo falando sobre a primeira multiplicação descrita em João 6, que tem um pouco a ver com a última lição aprendida nesse texto novo; se quiser, dá uma fuçada lá e leia também! hehehehe!
Espero que gostem e que abençoe a vida de vocês!



          Olhando para a perícope de Marcos 8:1-9, depois de toda busca pelo conteúdo e de tamanho entendimento sobre ele, consigo tirar algumas lições que podem ser pensadas e vividas nos dias de hoje.

          O fato de Jesus ter se compadecido daquela multidão em terra gentílica e ter proporcionado pra eles tamanho banquete, me faz pensar em como Ele olha para as pessoas que eu considero “gentias” hoje. Tantas pessoas nas ruas, na vizinhança, na comunidade, na sociedade, que muitas vezes meus olhos tendem a enxergá-las como “não-de-Deus”, e tendo esse pensamento sou conduzido a certos tipos de comportamento e juízo que podem ser não muito saudáveis. Jesus deu banquete para um gentio como eu, porque eu não me alegraria dEle dar banquete para outros diante dos meus olhos? Outros que eu considero indignos pelas suas escolhas ou crenças? Ou então, será que Ele não espera hoje que eu seja esse que proporcione alimento pra essas pessoas, sem ter preconceito?

            A falta de iniciativa dos discípulos também é bem marcante no texto. Eles haviam visto Jesus fazer um milagre multiplicando pães e peixes pouco antes de reverem uma multidão necessitada de tais elementos. Não tiveram a capacidade de se lembrar que Jesus poderia intervir naquela situação, e isso os impediu de no mínimo pedirem a Ele pra fazer o milagre novamente. Quantas vezes eu fico no aguardo de que Deus faça algo e nem ao menos me movo em direção à necessidade alheia? Desculpas como “isso é impossível para mim”, ou então, “não vai adiantar de nada eu fazer algo” são muito presentes em discursos de quem não quer encarar responsabilidades ou desafios que vão custar renúncia, sacrifício, investimento de tempo e coisas do tipo. O estar (pre)ocupado demais comigo mesmo pode inibir a minha iniciativa de ser participante de um milagre na vida do próximo.

            E por último, talvez uma lição que já está batida demais, porém muito pertinente ainda em um momento como o que vivemos, que é a insignificância do que Jesus usou pra alimentar aquela multidão. Sete pães e alguns peixinhos pra alimentar quase dez mil pessoas? Muito hollywoodiano talvez. Alguns dizem que cada pessoa tinha algo guardado ainda e quando viram Jesus fazer aquilo tiraram o que tinham de suas sacolas e compartilharam. Outros dizem que Jesus fez um milagre como se fosse uma mágica, fazendo pão brotar de pão e peixes tornarem-se cardumes. Independente do método, louvável é o resultado do milagre. Todo mundo foi alimentado. Tão pequena quantidade que nas mãos de Jesus matou a fome de tanta gente. O que tenho hoje pode ser muito insignificante diante de tanta necessidade de uma sociedade contemporânea, que cada dia mais cresce rumo ao individualismo, porém, isso não é empecilho para que a fome das pessoas seja saciada através da minha vida. Se o que eu tenho está a serviço do Reino de Deus, nas mãos do Rei isso é capaz de causar um impacto muito além do que a mente humana pode alcançar. Por isso, que minhas capacidades e incapacidades estejam nas mãos dEle hoje e sempre, pra que não só a minha fome seja suprida, mas a de muitos outros gentios por aí!
 
Rodo loko!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Páscoa em Alto Mar



Depois de aproximadamente 7 meses sem escrever “para fora”, resolvi hoje escrever um pouquinho. Sem promessas demais, porém com alguma pretensão. A humilde pretensão de consolar a mim mesma e trazer liberdade às falas que não saem pela boca. Esta semana especial, semana de Páscoa, também é semana de aniversário. São 8 anos que eu me encontrei verdadeiramente com Jesus, à beira do caminho. E detalhe, eu O reconheci. Antes caminhávamos, mas eu disfarçava, olhava mais para as paisagens, belas mas passageiras. Mas em uma Páscoa, em 2005, Ele por Sua graça se cansou de ser “rejeitado”. Arrancou uma flor e me entregou, como faz um amante timidamente corajoso. Eu me impactei e até hoje me pergunto: como um gesto tão simples pode causar tanto dano? Causou arrependimento e ausência. O arrependimento se transformou em vida, e a ausência em dependência, porque agora me sinto só, mas não quero andar só, o que me resta então? Companhia eterna para caminhar. De lá pra cá, aconteceram tantas coisas. Mudanças físicas, de circunstâncias, de estações. Algumas foram doloridas, e consoladas. Outras festejadas e planejadas. Mas as mudanças foram feitas de dentro. Parece clichê, mas é exatamente isso. Um grande clichê de que quando nos abrimos para o Amor, Ele se achega. E achegado a nós Ele pinta novos sorrisos e novas caretas na alma. 

Este fim de semana, procurei uma exposição de arte, um museu, algo para ver. Não encontrei. Queria ver arte parada, mas que em mim gerasse movimento. Fui à praia, pegar final de tarde. Fui com um amigo muito amoroso, sentamos numa pedra e olhando para a luz do sol, quase nublado, refletido na água, pensei: que mundo deve haver aqui em baixo, embaixo de tanto mar de água? E meu amigo disse: você sabia que de todas as paisagens naturais, o mar é o menos explorado e descoberto? Daí pensei mais ainda, por alguns minutos, pensei um milhão de coisas. Veio aquela respiração de impotência, misturada com curiosidade e assombro. O Mar sempre me encontrou. Ele me gera medo e calor. Me abraça, me mostra como sou pequenininha. Me faz ter coragem, me dá paz, me acalma e limpa meus pensamentos, me dá prazer. O Mar é mistério, é atraente, chama sempre alguém para ficar ao Seu lado. E quando passo tempo sem vê-lO, Ele resolve criar algum motivo para nós nos reencontrarmos. Um  dia queria ser marinheira e aproveitar mais do mar, pescar e dividir a sensação de estar, pertencer, sem agredir o outro. 

Enquanto não possuo meu próprio barquinho, de madeira e vela, vou velejando na base do pensamento e do coração. Sabendo que não velejo sozinha, tenho companhia e bússola. Não ando perdida. Eu no meu pequeno conhecimento marítimo, tem horas penso em desistir, mas até nisso o Grande Mar me alivia. Não tenho forças perto dEle. Aquele que eu encontrei numa Páscoa e que vive me encontrando todos os dias, tem a mão mais firme. Ele sabe a hora de abrir as velas e aproveitar o vento sudeste. Ele sabe a hora de parar e cair na água. Água que refresca e alivia, lava as mãos e purifica de toda injustiça. Água que vira vinho e dá a transformação nossa de cada dia. Água que cheira peixe, o qual sustenta, que alimenta e dá força. Ele sabe as rotas, as luas, e os movimentos dos mares. Ele sabe aonde ancorar e quanto tempo, e quem vai seguir fazendo parte da tripulação. Uns ficam nos portos, esperando os reencontros, exercitando a arte de acolher a saudade no peito. Enfim, a jornada é longa, sua intensidade é eterna. O corpo é finito, mas o espírito velejará para sempre, em um Mar sem fim. A coisa que quero para hoje, é que eu possa conhecer e me alegrar quando entrar nesse mar. Não estar entediada como aquele que trabalha no mar, mas ser livre, esperançosa e grata por ter esta infinidade de descobertas. Não somente em mim, mas Nele que em tudo esconde muito mais, como o mar.
                                                                                                                       Priscila Souza