Quem nunca ouviu esta frase? Acho que todos nós já ouvimos ou já falamos algumas vezes. Acredito que a mudança de lugar favorece a bagunça nossa de cada dia. Bagunça interna e bagunça externa. Toda bagunça busca uma certa organização. Toda mudança atraí uma certa admiração.E toda admiração parte do princípio de querermos ser melhores na dor, melhores no amor, melhores em tudo.
Estou hoje apertada a escrever sobre mudança. Ontem falei com minha mãe que está em Minas e ela disse que estava com uma inconveniente alergia por causa da mudança de casa que ela passou no anterior final de semana. E vi, por incrível que pareça na sua voz do outro lado da linha uma alergia que não era somente por sua mudança de móveis, eletrodomésticos, e afins, mas também por uma mudança de paisagem, de tempo, de vida. Ela passa por um tempo de transformação, como eu, e é bonito ver neste ponto o humilde encontro de gerações.
Ela possui, penso eu, pensamento de saudade, separação e solidão. Talvez os três “esses” mais difíceis do caminho. Eu aqui no norte do Brasil, mas não do coração, também compartilho deste trio, e penso por identificação. Me identifico com a palavra presa na garganta, com o sentimento de não saber o que fazer.
Ontem li, depois de um dia desconfortavelmente diferente uma palavra que me trouxe imenso consolo: “ Eis que foi para minha paz, que tive eu grande amargura; tú, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção, porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados.” Isaías 38:17
Fiquei pensando um bocado de coisas, mal dormi anoite, qualquer coisa me fazia pensar mais, e chorar um pouco. Me lembrei de tantas coisas que já tinha vivido e de como quando estamos tristes tudo realmente fica mais pálido e frio, mesmo aqui no maior calor. Mas, ao mesmo tempo me vinha um pensamento caloroso e satisfatório de que, parafraseando o versículo acima, que me informa e me conforta, que é para que eu sinta o doce, tenha prazer no raiar do Sol, na refrescancia do sorvete gelado, é necessário que eu tenha momentos de amargo, de noites escuras, de provar a sensação de desencaixe.
Tenho chegado à conclusão que isto é uma característica própria da mudança, da transformação, do bonito “viver coisas novas”, na teoria. De procurarmos nos outros, ou nas coisas, palavras que somente Jesus pode nos dar. Somente Ele pode amar minha alma de tal forma que eu sinta envolvida por uma multidão de cores, somente Ele pode livrar minha mente da cova, da morte, do sepultamento do meu senso de direção perdido e confuso, e me devolver à dignidade que preciso para caminhar.
Porque Ele atira para longe as minhas falhas e falas vazias. Ele faz as coisas passadas serem passadas. Faz o jornal de ontem ser realmente notícia velha. E faz com que isso sirva de motivos, para eu procurar ser mais amiga Dele e assim mais brilhante perto e longe da nossa casa na árvore.
Me sinto capaz de substituir os três “esses” do começo por sorrisos, sentimento, e Sol da Manhã. A saudade também cabe aqui, agora digamos com uma roupa diferente. Um vestido de chita e uma flor no cabelo, de pé no chão, sentada no banco da praça esperando o pipoqueiro com a pipoca doce.
Fazendo histórias me sinto melhor, ouço melhor os conselhos dos meus amigos, recebo melhor o carinho de minha mãe no telefone, imagino ainda o abraço de meu pai. Vou ao cinema com meus amigos, acalento o amor no porta retrato ao lado, e ainda sinto aquele beijo gostoso de segundos atrás .Me encontro com o real no meu lado imaginário. Talvez esta seja o mal dos escritores, se permitir pertencer a várias atmosferas e assim cada dia mais se acostumar com a mudança de mente, de pensamento, de sentimento, mas nunca de essência e da ideia presente de ter sempre Casa pra voltar.
Com papéis e poeira á arrumar...
Pri